Shihan António Fernando Pereira

A história do Karate Kyokushin em Portugal está intrinsecamente ligada á pessoa do seu impulsionador entre nós;
Shihan António Fernando Pereira
“O Discípulo”

 

Shihan  António Fernando Pereira nasceu em Mindelo, no ano de 1958 e emigrou para França com 14 anos de idade. Evidenciando desde criança um carácter algo belícioso e um notável espírito de liderança, encontrou nas Artes Marciais o auto domínio e a disciplina de que necessitava.
Iniciou-se na prática do Karate, em 1976 no Dojo mais próximo de sua casa. Sem ter feito muito por isso, o destino fez com que esse Dojo tivesse em Sensei Pascal Humber, um fiel seguidor de Sensei Taiiji Kase. Sensei Humber ensinava um Karate puro e duro, (o que originava a rápida desistência daqueles que não aguentavam o rigor e a dureza dos treinos). Esta fase de aprendizagem seria crucial para o jovem adolescente, pois jamais viria a pactuar com facilidades, ou aceitar outros objectivos senão aqueles que fizessem, com que um Karateka tem que forçosamente, ser um cidadão diferente dos demais, pelo seu comportamento em todas as situações da vida. O seu potencial físico, aliado ao seu interesse e dedicação foram tais, que fez o teste com sucesso para Cinto Negro, passados apenas dois anos de treinos.
 Mas um acontecimento vai alterar definitivamente a sua visão das Artes Marciais, a leitura do famoso livro sobre a vida do maior Samurai da história do Japão, Myamoto Musashi, e o livro dos Cinco Anéis escrito pelo próprio Musashi, pouco tempo antes da sua morte.
Em 1985 regressa a Portugal é então 2º Dan. Procurando um Dojo onde treinar e continuar o estudo do Karate, verifica que aquilo que cá então se praticava não lhe proporcionará nenhuma evolução qualititativa, estando mesmo muito longe da ideia e prática que ele tinha do Karate.
Sabendo que iria ficar alguns anos no País decide então enveredar pela divulgação dos seus conhecimentos, mostrando a sua visão do Karate-Do. Não tardou que estudantes oriundos das mais variadíssimas Regiões do País se deslocassem com frequência ao seu Dojo, em Vila do Conde, para ali colher os ensinamentos de Sensei. É assim que em 1986, é convidado para formar uma Associação na Zona Centro do País. Mas um ano bastou para se aperceber que os objectivos iniciais não estavam a ser cumpridos, o seu caracter rigoroso obriga-o a desvincular-se desse projecto, preferindo e decidindo optar pelo velho ditado “antes só que mal acompanhado”.
Em 1986, os seus já numerosos alunos tomam a iniciativa de fundar o “C.K.V.C.” Centro de Karate de Vila do Conde. Este feito revelar-se-á de uma extrema importância para o futuro, é por esta altura que Shihan António Fernando Pereira se apercebe que as suas pesquisas, cada vez o afastam mais da escola Shotokan. A sua constante preocupação era a eficácia no combate real, mas sem nunca se desviar dos princípios pelos quais sempre lutou “o Código Bushido”.
A visão do combate era bastante limitada no seu entender e as Organizações existentes estavam muito longe dos valores que ele tanto apreguava. Testa então várias escolas de Artes Marciais, desde o Judo ao Aikido passando pelos Desportos de Combate como o Kick Boxing Muai Thay, etc..
Este périplo serve para concluir, que é no Karate, (mas qual?) que tem de continuar a busca. Era a falta de contacto que mais o afligia no Karate que ele conhecia até então. Até que, quando numa das muitíssimas viagens que fazia pelo estrangeiro, lê um artigo que o deixou interessado e desejoso, de aprofundar e descobrir o sistema de treinos que levara esse Grande Mestre (com quem de imediato ele tanto se identificou), a conseguir todo esse poderio.
Esse artigo retractava muito sinteticamente a vida do Grande Mestre Masutatsu Oyama.
Da escola de Karate Kyokushinkai o shihan tinha ouvido falar, e, sem a por em causa (porque não a conhecia), a ideia que se fazia é que era uma escola muito dura, com os combates ao K.O. sem protecções, mas receava não encontrar os restantes valores pelos quais uma Arte Marcial deixa de o Ser. Fazendo jus á sua determinação, não hesita e mete-se ao caminho para encontrar um Dojo de Karate Kyokushin.
Após muita procura conclui com alguma surpresa que não existe ninguém a praticar Karate Kyokushin em Portugal.
Fazendo valer os seus conhecimentos no estrangeiro, desloca-se a França mais uma vez, esperançado e curioso sobre o que iria encontrar. Aí a surpresa foi total, a forma como foi recebido, revelou desde logo, uma diferença sem igual, relativo a tudo que tinha visto até então. A maneira objectiva, directa, mas sem manifestar qualquer interesse material, limitando-se a tentar esclarecer as dúvidas que o inundavam, fez com que Sensei A. Fernando, tem por Sensei Jacques Legrée um respeito enorme e carinho muito especial. Após largas horas de conversa e comungando com os seus pontos de vista, o encontro ficara de imediato marcado, para treinar no dia seguinte. Inútil será dizer, que muitos outros seguiram e a conclusão foi óbvia demais aos olhos de shihan Antonio Pereira. Sabendo agora o caminho a seguir, uma dura e difícil decisão o espera. Informar todos aqueles com quem tinha treinado o seu novo rumo, difícil após mais de 13 anos, mas assim foi, com muita tristeza informa os seus Mestres, assim como os seus estudantes mais antigos, que o compreenderam de imediato.
Entra em contacto com a Organização Europeia e começa a praticar o Kyokushin Karate oficialmente. E num Seminário com Kancho Matsui, como gosta de dizer (viu o seu Karate-Do). Compreendera  imediatamente que o Respeito, Rigor, Disciplina, Empenho, Dedicação e Verdade, que ele ali encontrara e exigido a todo estudante de Karate Kyokushin, fez com que o seu futuro percurso em busca da Via, passaria inevitavelmente pelo Kyokushin Karate. A forma transparente e exigente dos testes de exame aos quais teve o privilégio de assistir, só vem confirmar todo o bem que ele pensava e que também já exigia. No seu entender, um Cinto Negro de Karate-Do, tem de manifestar em todas as circunstâncias, para além das qualidades técnico-físicas-mentais, um alto valor moral e um exemplo para a sociedade.
Algumas deslocações ao Honbu, Japão, muitas mais horas de treino, faz com que finalmente, encontra resposta ás suas dúvidas. Branch Chief da IKO Kyokushinkaikan, é nomeado em 1986 Country Representative (Representante para Portugal da E.K.K.O.) – European Kyokushin Karate Organisation -. Hoje com mais de 60 anos de idade, shihan sente-se muito honrado, em ter sido escolhido para representar no nosso País a Escola de Sosai Mas Oyama. Como diz frequentemente só espera que a vida lhe dê o tempo necessário para continuar a estudar e compreender a profundidade e filosofia do Kyokushin Karate.
Em 1996 é criada a Associação Kyokushinkai Portugal. Em 1998, pela 1ª vez uma Representação Nacional participa no Campeonato Europeu de Karate Kyokushinkai.
 Em Maio de 2000 em Vila do Conde, Shihan, contando com as boas relações entretanto criadas no seio da EKKO (European Kyokushin Karate Organisation) assim como na IKOK (International Karate Organisation Kyokushinkaikan), contando  com o apoio respectivo destas Federações, como recompensa do seu empenho no desenvolvimento do Kyokushin Karate, organiza o que já é considerado como o maior evento de Karate em Portugal ate esta data.
O European Kyokushin Karate Championships – Campeonato Europeu de Karate Kyokushinkai.
com a presença de Kancho Matsui, contemplando o nosso país com um extraordinário Estágio e deixando um rasto de técnica nunca vista em Portugal.
Em Novembro 2003,  com  45 anos de idade, shihan é confrontado com a desistência dos atletas nacionais para representar o nosso país no 8º Campeonato Mundial de Karate Kyokushinkai em Tóquio. Não querendo aceitar que mais um campeonato mundial se poderia realizar sem a participação de Portugal, decide aceitar este novo desafio, surpreendendo o Mundo das Artes Marciais e assim participar no maior mas sobretudo mais respeitado campeonato mundial de Karate. Pois não poderia também deixar de responder positivamente ao desejo de Kancho Matsui que considerava importante a participação de Portugal neste importante evento. Nunca no passado algum atleta nacional tinha participado e da mesma forma contribuindo para a realização do maior campeonato de todos os tempos com a presença de 240 atletas oriundos dos cinco continentes países.

Em 2003 shihan Antonjo Pereira decide mudar-se para o Brasil e continuar a divulgação do Kyokushin Karate.

Entretanto em 2010,  segue o movimento alargado liderado pelos shihans, Loek Holander, Antonio Pinero e Andre Drawniack para se desvincular da IKO Japão.

Momento muito triste para todos mas a situação ficou verdadeiramente insuportável quando os próprios valores pelos quais sempre lutamos começam a ser colocados em causa. E assim nasce a KWF (Kyokushin World Federation) e a EKF (European Kyokushin Federation).

Com muito orgulho shihan inicia uma nova etapa e se empenha no crescimento da KWF pelo mundo.

Respresentante oficial em Portugal, America do Sul e Brasil, shihan continua divulgando o kyokushin pelo mundo e assim contribuir para o crescimento e desenvolvimento do Kyokushin pelo mundo.